A chuva caía forte... Os trovões ressoavam alto... Uma guerra se aproximava, mas uma guerra jamais vista pelos olhos mortais... Uma discussão acontecia entre Zeus e Poseidon, cada um se acusando de ter roubado a Caixa de Pandora.
E no distante submundo, Hades erguia suas mãos com a caixa, finalmente tendo sua vingança em mãos.
- Agora meus irmãos poderão ver como é ser traído! Finalmente conseguirei me vingar...
Levantou de seu trono de ossos e riu da tolice de seus irmãos, e então prosseguiu:
- Aqueles tolos... Acusando um ao outro de ter roubado a Caixa de Pandora. Como é triste não saberem a verdade. Não irei fazer isso sozinho, queridos irmãos. Nosso pai está se erguendo do profundo Abismo do Tártaro, em um corpo mortal que eu mesmo consegui para ele. Aguardem...
No Monte Olimpo...
Zeus e Poseidon discutiam sobre a Caixa de Pandora, sentados em seus grandes tronos no grande salão onde se encontravam os doze tronos dos Deuses.
- Precisamos ir logo ver se Hades possui alguma relação com isso – disse Poseidon para Zeus. – Eu sei que é perigoso deixar o Olimpo, mas devemos ir até lá. Ou você não quer descer até lá para perder tempo já que está com a caixa?
Zeus se levantou, e um grande trovão cortou o céu. Virou-se para Poseidon e disse:
- Você quer que eu deixe o Olimpo para ir até o submundo? Você está querendo me enganar Poseidon. Isso mostra claramente que você está com a Caixa de Pandora!
Hera se levantou, e fez Zeus se sentar. Ela caminhou até o centro do salão, e então disse:
- Vocês dois precisam cuidar de Atenas e Grécia. Deixem que algum dos Deuses procure algum mortal para partir até o submundo. Algum de vocês se oferece para procurar um mortal?
Rapidamente Afrodite se levantou de seu trono.
- Eu irei escolher o homem mais belo, mais bravo e com um bom coração que eu encontrar – disse Afrodite, se desaparecendo em uma forte luz.
- Espero que isso dê certo – disse Zeus. – Se não der, eu juro que irei tirar de Poseidon mesmo que eu tenha que usar minha força.
- Você verá logo que não sou eu o responsável por isso, Zeus – disse Poseidon.
Em Atenas...
Afrodite andava por Atenas em sua forma humana, mas mesmo assim vários homens eram atraídos por sua beleza. Rapidamente vários garotos e homens a rodearam, sem que a deixassem sair.
- Saiam daqui seus nojentos! – gritou ela para eles. Eles começaram a agarrá-la, e ela não iria poder fazer nada, pois se resistisse, iria mostrar seus poderes de Deus. Começaram a tirar suas roupas, e então um homem se aproximou correndo e empunhou sua espada, espantando os homens.
- Você está bem? – Perguntou ele para Afrodite.
- Sim, eu estou. Muito obrigada por me livrar desses homens – disse ela. Sentiu que aquele homem era bonito e bravo, e que também era um bom homem. Mas devia ter certeza. Quando ele se levantou, Afrodite o perguntou:
- Como se chama?
- Meu nome é Ácama – respondeu ele. – E você, como se chama?
- Eu me chamo Afrodite. É estranho, mas minha mãe me deu o nome de uma das Deusas – disse ela enquanto Ácama a ajudava se levantar.
- É um nome bonito para Deusas e também para mulheres como você – disse ele. Os dois começaram a caminhar juntos pela cidade, e era uma ótima hora para Afrodite conhecê-lo melhor.
- Ácama, você já lutou em alguma guerra? – perguntou Afrodite. – É apenas por curiosidade.
- Eu já lutei em várias, e a maioria sai sem ferimentos.
- São poucos os homens assim. E dentre isso tudo, você tem algum desejo?
- Sim, e é algo pessoal... Desejo conseguir me reencontrar com meu pai novamente. Ele partiu faz muito tempo, e nunca tive a chance de vê-lo outra vez. Ele se chama Teseu.
Afrodite pensou em um ótimo plano ao ouvir isso.
- Você sabe algum lugar em que possamos ficar a sós? – perguntou ela, seduzindo Ácama.
Ácama não resistiu pela beleza de Afrodite, e rapidamente respondeu:
- É claro! A minha casa não fica tão longe daqui.
Ele a levou para uma simples casa, com apenas um cômodo. Lá tinha apenas uma cama, um armário e algumas armaduras e armas de guerras, e próximo a isso havia um cesto cheio de frutas. Ela se aproximou da cama e retirou todas as suas roupas bem devagar, até ficar nua.
- Quero saber se é um bom homem... – disse ela, olhando para ele, em quanto se deitava na cama com uma pose atraente.
- Tenha certeza que sim – disse ele indo até a cama e retirando todas as suas roupas, e então deitando com Afrodite.
Na Grécia...
Hades estava usando um grande manto escuro enquanto se aproximava da entrada principal da Grécia. Uma escura touca escondia seu rosto, e também retirava todas as marcas de que ele é um Deus, e isso ajudava a nem um dos outros Deuses descobrirem que ele é um. Quando chegou até a entrada, os guardas o tentaram impedir.
- Você não pode entrar – disse um deles.
- Mas quem disse que não? – logo após isso ele levantou sua mão para o alto, e os fez envelhecer em questão de milésimos. – Tenham uma boa vida no meu submundo, rapazes.
Hades continuou caminhando, e por onde passava envelhecia o lugar e as pessoas. Então chegou até o seu destino, o castelo. Parou de usar sua mágica e entrou. Nenhum guarda tentou impedir. Chegou até o salão onde o rei se encontrava.
- Olá, Rei Teseu – disse Hades, parado no centro do lugar.
- O que você quer aqui, desgraçado? Eu ordeno que saia!
- Acalme-se – disse Hades se aproximando dele. – Eu estou aqui para fazer uma oferta que tem de ser aceita. Eu quero que lute contra os Deuses, e louvem a Hades, o meu Deus.
- Você enlouqueceu? – gritou o rei. – Eu jamais louvaria Hades!
Hades então o envelheceu apenas um pouco, e perguntou:
- Vida ou morte? Escolha.
O rei não tinha outra escolha, e então respondeu:
- Eu... Eu irei lutar contra os outros Deuses e louvar a Hades.
- Ótimo – disse Hades se desaparecendo nas sombras.
Em Atenas...
Afrodite e Ácama estavam deitados na cama com um cobertor sobre seus corpos, e ela estava abraçada com ele.
- O que você faria se conhecesse alguma Deusa, Ácama? – perguntou Afrodite, enquanto Ácama beijava seu rosto.
- Eu não sei... Mas por que pergunta uma coisa dessas?
- Bem Ácama...
- Você não está dizendo que é...
- Sim, essa é minha forma humana – Disse Afrodite, se levantando.
- Mas por que você desceu até a terra dos mortais? – perguntou Ácama enquanto se levantava e pegava suas roupas. Logo após Afrodite e Ácama estarem vestidos, ela respondeu:
- Um conflito está acontecendo em Zeus e Poseidon. A Caixa de Pandora foi roubada, e Zeus e Poseidon ficam acusando um ao outro de ter roubado a caixa. Nenhum pretende descer do Olimpo até o submundo para ver se Hades está por trás disso, e apenas um humano seria melhor para ser mandado, pois se um Deus descer lá, um grande conflito iniciaria, exceto se fosse Poseidon ou Zeus. E eu vi que a pessoa certa seria você.
- Eu não... Não quero arriscar minha vida para fazer isso.
- E é por isso que você é a pessoa certa. Deverá falar com seu pai para saber o caminho até lá, ele é um dos poucos que sabem.
- O que? Meu pai sabe o caminho para o submundo?
- Sim, Ácama. Você deve partir imediatamente para o castelo da Grécia, pois lá existe uma passagem para o submundo e é lá que seu pai está.
- Eu não sei o caminho para lá, e é muito longe, são dias daqui.
- E isso não será problema – disse Afrodite fazendo uma pérola branca surgir em sua mão. – Quando estiver pronto, aperte essa pérola e você estará na entrada da Grécia. Agora eu preciso partir, não posso permanecer aqui muito tempo.
Afrodite então desapareceu em um brilho imenso, o qual Ácama desviou o olhar. Rapidamente Ácama pegou sua espada e seu escudo, e apertou a pérola. E em um piscar de olhos, apareceu na entrada da Grécia. Parecia tudo muito velho, e vários ossos estavam no chão, e todos com roupas.
- Hades – disse ele caminhando no meio daquilo tudo. Caminhou mais um pouco, até que avistou um velho vindo em sua direção, com um grande livro. Ele se aproximou do velho, e então parou.
- Quanto tempo, filho – disse o velho. – Não esperava que fosse eu, não é?
- Pai, faz muito tempo! Mas você está um pouco... Velho.
- Sim, Ácama. Hades fez isso comigo. Algo por dentro disse que você iria vir, e você realmente veio. Meu filho, você deve impedir Hades de destruir o Olimpo com a ajuda de Cronos, e tirar a Caixa de Pandora dele. Caso ela for aberta, uma força má inimaginável irá sair novamente de lá, com mais forças do que o liberado por Pandora, pois a energia má de Hades alimentou a caixa.
- E quanto ao portal do submundo? – perguntou Ácama. Seu pai sorriu, e olhou para o chão. Havia um grande rachado, e então ele jogou o livro por cima dele.
- Esse rachado é a marca do portal. Afinal fica bem aos olhos de todos, não é?
- Mas o que esse livro irá fazer? – perguntou Ácama.
- Ele é o último livro com os poderes que levam ao submundo. Apenas aguarde.
Alguns segundos depois o rachado se abriu formando um portal, sugando o livro.
- Meu filho, receba essa pérola para voltar para Grécia – disse seu pai o entregando uma pérola idêntica a de Afrodite. – Espero que consiga pegar a caixa a tempo, pois Hades não estava com ela quando veio ate aqui. Agora vá!
- Me aguarde! – gritou Ácama pulando no portal. Antes que ele pudesse perceber já estava no submundo. Olhou para cima e viu um teto bem lá no alto, que estava mais para um céu. Em sua frente havia uma canoa sobre um rio negro, e sobre a canoa estava um homem usando um grande manto que cobria todo seu corpo, e em sua mão existia uma foice. Ácama caminhou até a canoa, e então disse:
- Barqueiro do Submundo... Sempre ouvi histórias sobre você, mas eu nunca o vi. E também sei que aceita apenas moedas de ouro, e por isso trouxe uma.
Ácama retirou de debaixo de seu cinto uma moeda brilhante e atraente, e então a entregou para o barqueiro. Subiu na canoa, e então a canoa começou a se mover.
No Monte Olimpo...
Zeus e Poseidon ainda discutiam no alto do Olimpo, e a discussão estava ficando pior.
- Aquele homem irá morrer por nada, Poseidon! Tudo isso é sua culpa! – gritou Zeus apontando seu dedo para Poseidon e soltando um grande raio. O raio acertou bem no peito de Poseidon, e o fez chocar contra a parede atrás de seu trono, quebrando-a.
- O que pensa que está fazendo, Zeus? Você quer mostrar que é mais forte que todos? Não! Eu irei mostrar a força de Poseidon, o Deus do Mar! – gritou Poseidon se levantando rapidamente. Levantou suas mãos para o alto, e uma forte rajada de água entrou pela parede quebrada e segurou Zeus, o jogando para o lado fora. Ele foi em direção a Grécia, e então acertou o grande castelo. Poseidon o seguiu, e caiu no meio dos estilhaços do teto.
- Você não deve subestimar a minha força. Eu sou o Deus do Mar e o Senhor da Água.
- Mas esqueceu de dizer que acima de nós está o céu, a minha força! – gritou Zeus enquanto um grande raio desceu do céu e acertou Poseidon, abrindo uma cratera no chão. Poseidon estava lá, caido.
- Tão fraco. Ele sabe que eu não usei nem um pouco de minha força- disse Zeus. Poseidon se levantou com dificuldade e disse:
- E você também sabe que eu não usei nem um pouco de minha força! – gritou Poseidon enquanto levantava seus braços para o alto. Antes que o fizesse, Hera desceu do Olimpo e gritou:
- Parem agora! Estão brigando deste modo e deixando o Olimpo sem segurança? Voltem agora e parem de brigar!
Rapidamente os dois se desaparecerem em uma forte luz, e Hera também.
No submundo...
O barqueiro se aproximava de um grande cachorro de três cabeças dormindo, e logo a frente dele havia um grande portão fechado. Ácama percebeu que a chave estava presa no rabo do cachorro, e então empunhou sua espada e escudo. Pulou da canoa e caiu na terra vermelha, e então foi caminhando para perto do rabo do cachorro. Conseguiu pegar a chave e abrir o portão, e então percebeu uma grande sombra o cobrindo, e uma baba gigante caindo em seu ombro.
- Que droga! – gritou ele enquanto virava para trás dando um corte horizontal. O cachorro desviou e com uma patada jogou Ácama na beirada do rio negro. Levantou-se rapidamente com um pouco de dificuldade, e então disse:
- Venha, Cérberus.
Ele tinha um plano muito comum em mente, mas que poderia dar certo. Cérberus correu em sua direção, e então ele rolou para o lado, e o cão caiu no rio negro, se afundando. Ele estava com três grandes cortes em suas costas, que foram feitos pela patada que Cérberus o deu. Mesmo assim ele seguiu seu caminho. Logo a frente havia um castelo, e Ácama seguiu até ele. Passou correndo o corredor, até que chegou num grande salão com um único trono feito de ossos no centro, com a Caixa de Pandora sobre ele. Mas quando ele se aproximou, um guerreiro parecido com ele saiu de trás do trono.
- O que faz no submundo? – disse Ácama pegando a caixa. – Como você descobriu a passagem?
O guerreiro riu, e então disse:
- Eu não sou um humano, rapaz. Eu sou Cronos, o Senhor do Tempo.
Ácama ficou imóvel imediatamente pelo poder de Cronos. Cronos se aproximou e pegou a caixa, e então deixou o tempo em velocidade normal novamente.
- Você jamais teria chance comigo – disse Cronos, rindo. Hades então apareceu das sombras em seu trono, e imediatamente disse:
- Finalmente conseguiu a forma completa, pai.
- Sim meu filho. E este garoto veio até aqui para tentar roubar a caixa – disse Cronos se aproximando de Ácama.
- Meu nome é Ácama. Cronos, por que está agindo para um filho seu?
- O que está dizendo? – disse Cronos desfazendo seu sorriso. – Meu poder não é o mesmo de antes, mesmo se eu quisesse não poderia fazer nada com ele.
- Mas você tem o suficiente para parar o tempo e fazer o que quer. Se você me desse a Caixa de Pandora, poderia destruir pelo um deles, Hades.
- O que? – gritou Hades, se levantando de seu trono. – Pai, não faça isso!
- Tarde demais – disse Cronos paralisando Hades, e caminhando para perto de Ácama. – Tome essa caixa inútil, rapaz.
Cronos entregou a caixa para Ácama e colocou a mão sobre a cabeça de Hades, o enfraquecendo. Então rapidamente Zeus apareceu em um uma grande luz na frente de Cronos, e o acertou um raio, o jogando direto para o Abismo do Tártaro. Hades caiu no chão, enfraquecido, e disse:
- Zeus... Você irá me pagar...
- Pelo menos Cronos fez a escolha certa e não esteve do seu lado, e sim do lado desse bravo guerreiro – disse Zeus colocando a mão no ombro de Ácama e o levando para Olimpo. Ácama apareceu no centro do salão dos tronos, e Poseidon disse:
- Você foi bravo e esperto, Ácama. E é por isso que nós iremos te considerar um guerreiro forte e corajoso que lutou ao nosso lado.
- E você é um bom homem, Ácama – disse Afrodite sorrindo para ele.
- Agora você tem algum desejo, rapaz? – perguntou Zeus.
- Sim, eu tenho. Meu pai foi envelhecido por Hades, e...
- Isso não será problema – disse Zeus. – Agora está na hora de você voltar, guerreiro.
Ácama pegou sua pérola e a apertou. Ele apareceu bem em cima do rachado onde o portal se abriu, e seu pai estava bem em sua frente, com a aparência mais jovem novamente.
- Você conseguiu. Tornou-se um bravo guerreiro que será bem considerado pelos Deuses. E agora você irá ficar aqui, na Grécia?
- Atenas é muito longe, e afinal, você está aqui – disse Ácama sorrindo. – E você precisa de um herdeiro, não é mesmo?
- É claro, meu filho. E também estou precisando de um novo general para o exército, enquanto eu ainda durar. Está preparado para liderar o exército dessa grande civilização?
- Mais do que nunca – disse Ácama com um grande sorriso em seu rosto.