Tomei o cálice de ardente veneno, da caninana do deserto, sob o sol fervente do meio dia. Senti dores que ninguém, sonhou sentir.
Estava tão quente, mas senti o frio por dentro de mim. Meus olhos negros começaram a se esbranquiçar, num dia tento, a paz que começava a chegar...
Essa é a morte, que faz parte da vida, não importa quão sofrida, não importa, é vivida, e é de frente que a gente encara.
Formigou dentro de mim, já chegava já o triste fim, a agonia tomou-me, e quantas dores e dores.
O sol se esfriava, e brisava levemente, sentia gosto de vida e morte, que tomava, que incendiava, era a luta dos dragões, bem e mal, luz e trevas.
Essa hora eu já devia estar morto, mas veio alguém, não lembro o rosto, mas me deu a cura, mas me deu a cura, o êxtase que eu senti, foi só meu, foi só meu, e foi tão bom.
Beijou-me, e se foi, aquele alguém, carregado pelo vento quente do deserto, e então choveu uma tempestade de areia sob meus lombos, nada pude fazer, não havia para onde correr, mas sem que desse pra ver, das dunas saíram exércitos de grãos que bailavam pelo ar quente, então me senti como um único lírio em meio ao mais grandioso e frondoso vale, de tão grande que fui, agora estou aqui, não adianta rezar rosários, e fazer e dizer que o homem foi feito de barro, se somos tão salgados como o sal do mar morto.
Senti-me como um tolo agora coberto de areia, a “tempestade” já havia passado, e eu aqui cheio até as minhas entranhas.
Lembro-me das minhas peripécias, de Roma, da Pérsia, de Bizâncio, a Gizeh no Egito, da Fenícia, até a Grécia, da Germânia, até a Índia, da china até os confins do Japão, vejo que o homem moderno, se perdeu no meio do seu tempo, e no fim, esqueceu que a vida e mágica, que com uma pausa, pode significar o fim do mundo.
Coitados de nós homens, que perdemos a nossa inocência e nós tornamos, aquilo que mais odiávamos ser.