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Império branco - Prólogo

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Mensagem por wallace123 Seg Dez 01, 2014 5:06 pm

Este é 1/4 do prólogo do meu livro Império Branco, um livro de baixa fantasia no qual não entrarei em muitos detalhes e nem liberarei muito conteúdo, no máximo o prólogo completo.



Prólogo

              O campo aberto com leves ondulações e inchaços como água a ferver, era coberto de uma macia relva. O orvalho fazia a grama brilhar levemente com os primeiros raios de sol daquela manhã serena. Os pássaros já estavam a cantar e os cavalos a relinchar, como se estivessem a espreguiçar-se. Libertar a energia acumulada durante o sono imperturbado.
              Mas havia uma estranheza em tudo aquilo, pois do poente surgia a Lua, majestosa, pálida; grandiosa. E, logo ao leste, surgia o Sol, grandioso e caloroso.
              O que era aquilo? Por que a Lua e o Sol nasciam ao céu juntos? A paz logo se perturbou. Os animais daquele imenso parque florestal se afugentaram. Os pássaros adentraram as tocas abandonadas pelas corujas, os cavalos foram para uma parte muito densa daquele único e imenso parque, patrimônio da humanidade. As ovelhas se agruparam longe da lagoa e do campo aberto. Os coelhos fugiram para dentro de suas tocas no chão. Todos os animais, de todas as espécies, que podem conviver juntos e que habitavam aquele imenso lugar, se esconderam como puderam.
              A noite anterior foi estranha, não teve lua. O Sol se pôs e a Lua não ousou levantar. Mas hoje, a lua veio junto com o Sol. Mas isso não foi motivo para alarde, uma vez que deu a todos, finalmente, um sono calmo.
                No meio daquela tarde uma sombra tal qual um fino véu transparente cobriu o sol e pintou com o escuro da noite, o país. Seguido pela sombra, a Lua veio, tornando este dia, o mais escuro de todos. Os postes de iluminação iluminavam com uma luz forte e solitária, uma luz que não se espalhava... como se não houvesse onde refletir, para onde ecoar. Difícil era para as pessoas transitar pelas ruas dessa maneira, uma vez que tampouco podia se ver a silhueta de um homem na escuridão, mesmo que este estivesse a poucos passos de uma luz.
            Uma brisa gélida e seca invade por dentre as árvores e torna memorável este dia de eclipse, não apenas pelo acontecimento estranho e inesperado. Mas, também, pela brisa gélida que não tinha de onde vir, uma vez que não há, nos arredores, montanhas com picos suficientemente elevados.
            Por alguns minutos, nevou. Aqueles que foram pegos de surpresa, distantes de casa, caso não tenham achado abrigo, morreram de frio. Era um dia no qual não se sai nem com roupas preta, este dia se tornou, de repente, em um dia que não se sai nem mesmo com três casacos.
            Horas se passaram e no céu a Lua e o Sol já haviam saído do seu encontro cruzado, mas as nuvens negras que se formaram foram capazes de bloquear até mesmo o mínimo brilho da Lua. Não demorou até que televisão e rádio não pegassem mais. Muitos dos animais que se isolaram juntos conseguiram sobreviver, contudo tiveram de permanecer imóveis, rodeados de outros mortos para manterem o calor. O que não foi possível por muito tempo, saíram não pelo frio penetrante, mas pela fome.
            Uma figura estranha, alta e imponente surgiu diante do único cavalo sobrevivente. Soprava de sua boca um estranho odor, repugnante. O seu bafo não tinha calor, sua voz era como um relampejo em proporções humanas. Coberto com um sobretudo feito de couro, somente a ponta de seus dedos, pés e rosto eram visíveis. Possuía feridas parecidas com rachaduras em um azul cristalizado, que se assemelha ao perfeito gelo, como se sua pele branca e pálida fosse apenas um disfarce. Desprovido de orelhas e nariz, não como se fosse uma deficiência e nem como se tivessem sido arrancadas em luta, mas como se simplesmente não fosse de sua genética ter. Este é um ser que não possui cartilagens. Um ser sem pelagem e sem pálpebras.
            O cavalo estremeceu em suas patas, fora atravessado pelas mãos frias do aberrante homem. O coração do pobre animal foi arrancado ainda batendo e, entre os dentes, destroçado. Estranhamente o cavalo continuou vivo, sentindo as dores como se os dentes lhe penetrassem a carne. Com a pressão em que o ser mordia o coração, dentes afiados eram desnecessários. O sangue pintou a neve de um vermelho escuro tão belo que, o ser, admirado com a obra de arte, não ousou pisa-la enquanto dava a volta no animal caído enquanto sussurrava palavras execráveis, em outra língua, no ouvido do animal.
            Do oco criado no tórax do animal, as veias se destacaram em cor preta, pulsavam contra a pele, mas não ameaçavam rasga-la, todas artérias e veias do animal se destacaram pouco a pouco como se um novo sangue passasse por elas. As pálpebras do cavalo se abriram e um podre olho se revelou, deteriorado. Do buraco nas costelas, caia ao chão um líquido preto e gosmento, era os órgãos. Foi nesse exato momento em que todos os animais que sobreviveram se tornaram selvagens a um modo que nem mesmo um leão agiria, canibalizavam-se. Quanto mais carne de sua própria espécie os animais comiam, mais eles cresciam seu tamanho, gradualmente de acordo com a quantidade que ingeriam.
            Um pássaro, um coelho, uma coruja e um falcão de tamanhos assustadoramente grandes o suficiente para sozinhos matar dois homens ou até mesmo carregar ou arrastar um. A ovelha teve uma mutação diferente, criara chifres como de uma cabra e perdera o pelo, revelando uma musculação como se alguém tivesse injetado anabolizantes nela, seus dentes afiaram-se, já não mais eram para o uso vegetariano e sim carnívoro. O cavalo foi o único que permaneceu em seu tamanho, apenas engrandeceu os músculos, tornaram-se volumosos e firmes, com um galopar de ferir o solo, a sua vinda era alarmante.
            O estranho ser montou no animal com uma postura digna de um rei e cavalgou em uma velocidade indescritível, a neve não atrapalhou, pareceu até mesmo ajudar. Os outros animais vieram em fileira, sempre atrás dele.

            Onde quer que os animais pisassem, o chão rompia em leves rachaduras que logo se seguiam de gelo se formando, se expandindo. Em tão poucos segundos chegaram aos portões do parque e o cavaleiro gelado, de um ímpeto, saltou por cima dos portões e, como se houvessem correntes invisíveis presas à cada dobradiça do portão, este fora levado com fragor ao chão.
  
            Um frio sem precedentes, que arde até os ossos – como um fogo que queima tão profundo – invadiu casas e apartamentos, carros e caminhões. Um frio tão forte e inabalável que nem sequer, com trinta edredons em uma sauna, estaria livre. Rua por rua, até tomar a cidade inteira, esse frio invadiu. O concreto e o asfalto pareciam pinturas em telas de um vidro azulado e rachado. Inclusive as pessoas congelaram, como estátuas esculpidas pelo desespero e agonia. Casais em suas camas cobertos de tudo o que se podia utilizar. Triste era a cena de pais e mães envolvendo seus filhos em seu calor corporal enquanto até mesmo o forno ligavam. Mais parecia uma pintura real.
            O que era aquilo? Tornou-se de súbito o sul, dono de um majestoso verão, em um norte acolhido somente pelo frio? Se existisse uma bomba atômica, que produzisse frio e não radiação, decerto ali teria sido testada.
              Noticiários do mundo todo, exceto do dito lugar, dispararam com notícias sobre gelo e neve avançando para cidades vizinhas de forma sobrenatural. Com certeza muitos repórteres ganhariam uma promoção ao trazerem ao mundo vídeos exclusivos de animais surtando e tornando-se, além de canibais, mutantes imunes ao frio.
              Três aviões, em diferentes regiões, congelaram e suas turbinas se impossibilitaram de funcionar, provocando queda. O azul translúcido que cobre o asfalto e o concreto refletiu o fogo enquanto, uma vez ou outra, se salpicava de sangue das vítimas. Havia quem saísse das chama, coberto pelo fogo, como uma tocha que se atira na neve derretida.
              Em poucos dias o frio tomou conta do estado inteiro. Ações radicais foram tomadas, mas todas falhavam. O país entrou em ordem de evacuação. Conseguiam conter o avanço do gelo por apenas algumas horas, quatro no máximo, pois os equipamentos que lançavam chamas congelavam aos poucos. Havia até mesmo horas em que, quando alguma ação drástica eficaz era utilizada, as chamas tornavam-se azuis e consumiam em gelo quem quer que estivesse em seu alcance.
              Imagine você: o maior deserto quente do mundo. Agora imagine-o com prédios, ruas e pessoas feitas de gelo. Tempestades não de areia, mas de neve; dunas não de areia, mas de neve; um céu cuja única luz é uma luz pálida como o luar, senão o próprio luar, pois nada se via através das espessas nuvens enegrecidas que deixavam escapar entre frestas, feixe de uma luz melancólica. Esta virou a realidade de Brasília, mal tendo inaugurado o maior parque florestal que a América poderia ver.
              Em poucos meses o Brasil tornou-se em Império branco. O frio não fora rude com a floresta Amazônica e nem com as demais regiões. Apenas se vingou da parte mais calorosa do país. Ficaram aqueles que quiseram, mas somente aqueles que viviam perto de florestas conseguiram sobreviver, pois era lá que os países aliados enviavam suprimentos.
              Após um ano, os seres que assolaram as ruas no dia 20 de setembro, já não mais eram vistos. O frio tornou-se menos intenso, exceto no norte e nordeste, onde nem uma única pessoa sobreviveu. Era curioso para o mundo o fato das florestas suportarem o frio, se adaptarem facilmente, um dos mistérios que, depois do ocorrido sobrenatural, foi de razão mais pesquisada.

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Mensagem por Gabriel Lenz Seg Dez 01, 2014 8:02 pm

Tirou quanto na redação do ENEM? 1000 ou 999? Acho um tanto quanto estranho seu talento com palavras passar despercebido. Penso até que talvez esteja desperdiçando seu tempo compartilhando essas coisas por aqui. Sabe que desde seu poema eu admiro sua escrita, e com esse prólogo de livro, meu caro, só aumentou minha admiração.

Por que não faz tutoriais ensinando as pessoas a desenvolver seu lado "textual"? Eu mesmo tenho muito interesse em desenvolver minha escrita, tanto é que minha ultima aquisição foi um Kindle, para forçar-me a adquirir um hábito de leitura. E ainda mais por eu querer ser cinematógrafo acho que o MÍNIMO que eu devo saber para isso é desenvolver roteiros medianos e aceitáveis.

Um conselho que lhe dou é procurar uma comunidade adequada pra quem tem esse tipo de talento.

Uma dúvida minha, quanto tempo você demora pra desenvolver cada texto? Você vai escrevendo de cara ou vai pensando, analisando, revisando e enfim escrevendo?

Meus parabéns pelo talento,
abraços.
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Mensagem por wallace123 Seg Dez 01, 2014 8:30 pm

Obrigado pelo elogio e pela dica.

Olha, não há como escrever um tutorial. Cada um tem seu tipo de escrita, assim como cada um tem sua opinião. O melhor tutorial que existe é ler. Ler drama, ler romance, ler poema, ler fantasia, ler. Leia tudo o que puder ler. Escreva bastante e não sinta dó de excluir uma página inteira, desenvolva senso crítico e também quando tiver a ideia formulada do que está escrevendo, organize. Personagens, lugares e tals.

Uma coisa que eu irei aprender é cinematografia, pelo menos está em meus planos...

Eu vou escrevendo de cara, depois reviso o parágrafo várias vezes, depois quando termino de escrever eu dou um tempo e, com a ajuda crítica de amigos (nem sempre eu a tenho), eu reviso o material em si. Eu nunca mais parei para planejar um texto, quem precisa de inspiração sempre terá bloqueio.

Novamente, obrigado pelo elogio :)

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Mensagem por Gabriel Lenz Ter Dez 02, 2014 11:10 am

Ah, entendi, achei que você escrevia de outra maneira. De qualquer forma obrigado pela atenção e pela dica. Não desista desse seu lado artístico.

Até mais.
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Mensagem por Valentine Ter Dez 02, 2014 11:15 am

Isso é muito bom, ver alguém que gosta de escrever. Isso é uma ótima qualidade pra quem pretende fazer provas no futuro, principalmente provas discursivas.
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Império branco - Prólogo Empty Re: Império branco - Prólogo

Mensagem por Motodark Sex Dez 05, 2014 12:51 am

Verdade, Você tem talento garoto. Faça um Vestibular do ENEM para Direito é vire um Juiz HuHue.
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